sexta-feira, 19 de abril de 2013

O primeiro amor de um robô (Conto)


por Eder Ferreira

     O ano é de 2134. Nessa época, os robôs são muito comuns. Estão por toda parte. Existem robôs trabalhando em fabricas, escritórios, exércitos, e aqueles responsáveis pela limpeza, tanto de casas, quanto de cidades. TX-006 é um robô quem tem a missão de deixar a praça central de uma grande cidade sempre limpa. Ele foi construído a 2 anos e, desde então, trabalha 23 horas por dia (uma hora é destinada para a recarga de sua bateria). TX, como é mais conhecido, possui um chip de inteligência artificial, implantado em seus circuitos. Esse chip foi instalado para que ele possa interagir com os humanos que visitam o parque. Assim, ele conversa, brinca com as crianças e conta piadas (inclusive, já possui mais de dez mil piadas gravadas em sua memória). TX é um robô muito querido por todos. Mas, alguma coisa está acontecendo com ele. Os visitantes mais assíduos da praça estão percebendo que, ultimamente, TX anda meio avoado, aéreo, digamos pensativo. Porém, o que talvez ninguém ainda tenha percebido é que ele está assim desde que colocaram uma robozinha para ajudá-lo no parque. MP-303 é o nome dela. MP, como a chamam, também tem o chip de inteligência artificial, e também interage com as pessoas que vão até o parque. Dias atrás, MP estava tentando salvar um gatinho que havia subido em uma árvore e não conseguia mais descer. Mas ela se desequilibrou e caiu. Seu braço direito quebrou, e ainda teve um de seus olhos, ou melhor, visores, danificado. Rapidamente, TX a pegou, e levou-a a uma oficina especializada em robótica, para que pudessem consertá-la. O braço de MP foi arrumado, e outro visor foi instalado no lugar do danificado. Ao retornarem ao parque, TX perguntou a MP como ela estava, e ela respondeu:
     - Estou bem, mas vamos voltar ao trabalho.
     TX ficou muito magoado, pois nem um obrigado ela lhe deu. Logo aquela robozinha, de quem ele havia gostado tanto. TX possui um sistema de áudio que o permite ouvir sons a grandes distâncias, e ele sempre acaba ouvindo o que os humanos conversam quando vão à praça. Várias vezes ele escutou coisas sobre desilusões amorosas, ingratidão, e decepções. Mas, pela primeira vez um robô havia sentido na lataria as consequências de um sentimento taxado como exclusivamente humano: o amor.

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